quinta-feira, 30 de outubro de 2008

2008 - CRUZEIRO ATENAS-VENEZA

O relato desta viagem tem de começar, como é de justiça, pela história da nossa “burrinha”-Toyota, por se tratar de peça fundamental na concretização desta viagem, como já o foi de outras, algumas delas já relatadas no blog.
Dou como exemplo:- “A paixão pelos museus”, como transporte e alojamento; “1987-Paris e o Louvre”, em que também nos levou a Paris; “1993-Santiago de Compostela”, também como transporte e alojamento; “2002-Cruzeiro Brisas do Mediterrâneo”, levando-nos até Barcelona; “2004-Tenerife e o Teide”, levando o grupo até ao aeroporto.
Mas as histórias de viagens que a “burrinha” permitiu concretizar não são apenas as que eu relato, se não veja-se o blog do meu David, com o texto “The Ramona”. Para conhecer a história, faça clic.

Mas vamos ao relato desta viagem, começando pela composição do grupo:- eu e a minha Nelita, Joaquim e Manuela, Luís Carvalho e Graciete
Como a viagem de avião de Madrid até Atenas estava incluída no preço, embora o cruzeiro começasse naquela cidade grega a 19 de Maio e terminasse a 26, em Veneza, antecipámos a partida em dois dias para visitar o Escorial, que já conhecia, Vale dos Caídos e Madrid. Assim, foi aproveitado o fim de semana.
Do Escorial, basta dizer que se trata de uma das maravilhas do mundo. O Vale dos Caídos é para mim outra maravilha, e merece bem uma visita.

A dormida foi em Las Rozas, no hotel Trip Las Matas, e o dia de domingo, em Madrid, foi muito preenchido e bem aproveitado. No final havia muito para recordar e a dormida no hotel junto ao aeroporto, teve de ser à pressa porque a saída fez-nos madrugar muito.

A viagem de avião decorreu sem problemas, e mal chegamos a Atenas já tínhamos no autocarro os papéis de inscrição para a primeira excursão, propondo a visita à cidade de Atenas e à emblemática Acrópole. Todos fomos, pois era esse o nosso objectivo, quando escolhemos o programa.

Excursão a Atenas

As imagens que se conhecem por postal, tanto da Acrópole como de alguns outros monumentos da cidade, diferem bastante do que encontramos, uma vez que os andaimes metálicos são a imagem dominante sobre os monumentos.
Os guias vão dizendo que estes estão a ser recuperados, mas à boca pequena acrescentam que as estruturas metálicas já se encontram ali há 12 anos !!!
De qualquer modo, são lugares que nos causam grande emoção, quando os visitamos pela primeira vez.

Quando sol aperta, o desenrasque de uma protecção para a cabeça

Na cidade, a visita ao estádio olímpico e o ritual do render da guarda de honra (os Evzones) ao parlamento e monumento ao soldado desconhecido, são também momentos marcantes desta visita a Atenas, como se pode ver pelo vídeo:

Outros locais e monumentos foram visitados, embora de uma forma panorâmica e mais apressada, até regressarmos ao navio que ao princípio da noite se pôs a caminho de Santorini.
Só deixar aqui registado o desagradável episódio da perda, felizmente não definitiva, da maleta de ombro do Luís Carvalho, contendo todos os documentos de identificação, bilhetes de avião, máquina de filmar e dinheiro, quando na alfândega se esqueceu de a recolher do tapete rolante e esta desapareceu no fosso. Lembrou-se que a não tinha, passados uns longos minutos, ao pretender entrar no barco, e foi o pânico. Acabou por se recuperar a tempo e o episódio teve um final feliz.
Como disse, ao anoitecer o barco levanta ferros de Atenas, começando então uma semana que teve sempre o brilho do sol e que será recordada pelas melhores razões.
E uma das melhores razões para recordar e também festejar, é que fizemos 37 anos de casados. Eu e a minha Nelita.

Um cruzeiro começa por nos instalarmos no respectivo camarote e conhecer a autêntica cidade flutuante, que é um paquete como o Zenit. A experiência do anterior Cruzeiro no Mediterrâneo (faça CLIC), em 2002, levou-nos a não hesitar nos passos a dar dentro do barco.
A par da instalação nos aposentos, é a designação do lugar que havemos de ocupar no restaurante, ao longo de todo o cruzeiro. Convém dizer que este cruzeiro era TI, ou seja, tudo incluído, mesmo as bebidas, até as de bar.
Tudo nos foi facilitado, até porque o chefe do restaurante e o chefe do pessoal eram portugueses. O Cabrita e o Rúben. Ei-los:

As instalações, os serviços e o tratamento de um cruzeiro são habitualmente considerados de 5 estrelas, e este também assim era.
Cada mesa tem a servi-la dois funcionários, que procuram desempenhar um serviço sem falhas, pois no fim serão classificados através de um questionário a que todos respondemos, e eles procuram que a resposta seja sempre a de máximo valor, o que lhes proporciona certas regalias. No nosso caso a classificação dada foi a máxima. O mesmo aconteceu com o serviço de camarote, feito por uma moça brasileira.

A partir do primeiro dia instala-se uma certa rotina na nossa movimentação no cruzeiro: pequeno-almoço bufet, excursão se optarmos por ela, almoço, animações em bares e discotecas, jogos, lanche, jantar no restaurante, show no salão de espectáculos, uma ida ao casino se tal nos aprouver, bufet do serão e depois cama, que também faz falta.

Depois vai havendo animações especiais, e até aconteceu uma noite de carnaval.

Passada a primeira excursão em Atenas e a primeira noite a bordo, surge a segunda excursão:- uma visita à ilha de Santorini, de origem vulcânica, localizada no extremo sul do grupo das Cíclades, no Mar Egeu, cujo nome se deve a Santa Irene
Desta ilha o que se pode dizer é que faltam as palavras para descrever tal maravilha. Um dos locais mais fotografados do mundo e também mais caros para comprar casa. As imagens falam por si.

A visita começou por Ia e acabou em Fira, a capital da ilha. Depois da visita, havia duas formas de regressar ao porto, onde um pequeno barco nos levaria ao paquete: pelo teleférico, de burro ou a pé, descendo uma calçada de largos degraus por onde os burros e as pessoas transitavam.
A distância era longa e o calor apertava, mas eu e minha mulher optámos por essa forma de regresso ao barco. Ou não fôssemos caminheiros da Gardunha.

Mas o cruzeiro apenas tinha começado e um dos actos que acontece em todos, e neste também, é o simulacro de emergência com coletes de salvação e tudo. Felizmente que apenas isso.

Os espectáculos que vão acontecendo no palco todas as noites, sendo de grande qualidade, são imperdíveis, mas outras animações como a da noite tropical no Deck em que está a piscina constituiram momentos inolvidáveis, sendo as decorações dos frutos verdadeiras obras de arte.

O dia a dia continua na sua rotina normal e essa rotina inclui as excursões, com mais uma a realizar-se.

Excursão a Rhodes
Do que já tinha lido sobre história, sabia que o Colosso de Rhodes consta de uma famosa lista, atribuída a Antípatro de Sídon, como uma das sete maravilhas do mundo antigo, dela constando outras majestosas obras artísticas e arquitectónicas erguidas durante a Antiguidade Clássica, como:- Pirâmides de Gizé; Jardins Suspensos da Babilónia; Estátua de Zeus em Olímpia; Templo de Ártemis em Éfeso; Mausoléu de Halicarnasso e Farol de Alexandria.
Exceptuando as Pirâmides de Gizé, os vestígios arqueológicos destas maravilhas são poucos ou mesmo inexistentes, mas os elementos históricos disponíveis fazem crer que existiram.
Tal como aconteceu em 2002, com a visita a Pompeia, também a emoção e ansiedade em visitar Rhodes eram grandes, embora sabendo que ali não ia encontrar a estátua do Colosso.
Mas a história diz que foi construída para comemorar a retirada das tropas macedónias que tentavam conquistar a ilha e foi feita das armas que estes abandonaram no local.
Estava colocada na entrada marítima da ilha, foi finalizada pelo escultor Carés de Lindos em 280 a.C., tinha 30 m. de altura e 70 toneladas de peso, permitindo que qualquer barco que adentrasse o porto, passasse por entre as suas pernas.
Ficou em pé durante 55 anos, sendo abalada por um terramoto que a jogou no fundo da baía.
Não são conhecidos esboços da sua imagem original, pelo que a figura que chega aos nossos dias, será fruto da imaginação de algum historiador.

Mas a ilha de Rhodes teve e tem muitos outros motivos de interesse para ser visitada.
Faz parte do grupo de ilhas Dodecaneso (que significa doze ilhas), na extremidade leste do Mar Egeu, junto à costa sudoeste da Turquia, sendo Rhodes a mais importante, historicamente.
Saindo do porto, começámos por fazer uma visita panorâmica que nos levaria até ao monte conhecido por Monte Ágios Stefanos, onde se encontrava a Acrópole.

Por entre campos de oliveiras, encontra-se o Estádio do sec.III aC e um pequeno teatro, completamente restaurados.

Durante o percurso e ao passar na zona ribeirinha, pudemos observar as colunatas onde se diz ter estado implantada a estátua do Colosso, hoje com dois cervos que fazem parte do emblema da cidade.

No regresso, entrámos na cidade a pé, por umas das cinco portas da muralha que dão acesso à cidade velha, descendo a histórica Rua dos Cavaleiros, com os seus majestosos edifícios que os albergaram.

Sendo as ordens formadas por cavaleiros de diferentes nacionalidades, a linguagem que ali se falava não era a grega, mas sim o latim e o francês.
De seguida visitámos o Palácio do Grão Mestre, ao mesmo tempo residência e fortaleza, tendo oportunidade de ver como diversos espaços estavam pavimentados com antigos mosaicos da ilha de Kos.


No final da visita houve tempo livre para adquirir algumas lembranças, até retomarmos o cruzeiro.

Já foi referido que a partir do primeiro dia temos destinada a mesa no restaurante, assim como os funcionários que nos servem sempre com uma grande simpatia, que sendo os mesmos ao longo do cruzeiro, com eles estabelecemos uma relação de proximidade, que no final sentimos estar a despedir-nos de amigos. Aliás, a organização fomenta precisamente esse relacionamento familiar.

Não existem grandes exigências quanto à forma de vestir. Apenas no restaurante não é permitido o uso de calções ou fatos de banho, de modo a que o espaço tenha a sua dignidade, o que se compreende. E até ficaria a destoar, se assim não fosse, pois a decoração é sempre é muito bonita.

Excursão a Mykonos

A visita a esta ilha foi feita sem guia, apenas utillizando o autocarro para nos levar até lá, pois nos haviam informado que a cidade era pequena e de fácil andamento e que seria, como realmente aconteceu, uma agradável surpresa para nós.

Encontrámos, de facto, uma linda cidade, que é o exemplo supremo de um pequeno povo Cycladico, com casitas brancas cúbicas, ruelas também com lajedo contornado a branco, que se cruzam em labirinto, muitas flores e muitos estabelecimentos comerciais, vendendo artigos de marcas famosas e bem conhecidas. Exceptuando o burburinho que se verifica constantemente e a existência de estabelecimentos com fartura, muitos recantos assemelham-se às aldeias alentejanas, também caiadas de branco.

Também a ourivesaria estava bem representada com inúmeros estabelecimentos, assim como a hotelaria, cafetaria, restauração e típicas tabernas gregas, dando resposta ao fluxo turístico, de que vive a ilha.

Destaque para a igreja mais famosa da ilha, dedicada à Virgem de Paraportianí, os moinhos de vento e o bairro denominado de Pequena Veneza, precisamente porque as casas se encontram ao nível do mar.

De referir também a curiosidade de o símbolo da ilha ser um velho pelicano chamado "pedro", que também tivémos a oportunidade de fotografar junto de nós.

Na minha pespectiva, um cruzeiro não se justifica tão somente pela estadia a bordo, que já é extraordinária, face às condições e ao programa espectacular que nos é oferecido durante uma semana. O que verdadeiramente me tem levado a fazê-los é a possibilidade de visitar lugares que têm feito parte do meu imaginário e que aos poucos tenho concretizado.

O cruzeiro vai-se desenrolando rapidamente e a noite de navegação até Dubrovnik foi de grande festa, acontecendo a que se chama "noite do comandante", com o jantar de gala, sendo também nesta noite que os funcionários do restaurante repetem uma das suas animações, envolvendo todas as pessoas na agradável movimentação dos guardanapos, ao som de música que termina em "bicha de pirilau" percorrendo todas as mesas.


Num dos dois turnos do jantar o comandante também participa, seguindo-se a fotografia da praxe, com todos os que queriam fazê-lo, assim como outras fotos que assinalem a presença neste cruzeiro a bordo do Zenit.

Dado que um dos turnos ao jantar não teve a presença do comandante, seguiu-se então um brinde no salão de espectáculos, aberto a todos os participantes, subindo ao palco não só o comandante como os demais responsáveis do navio.

Excursão a Dubrovnik

A ansiada visita a esta cidade, declarada património da Humanidade pela UNESCO e conhecida por “Pérola do Adriático”, começou por gerar em mim e em que me acompanhava uma certa angústia, pois não pensámos no facto de a Croácia não pertencer à União Europeia e só ali sermos prevenidos de que seria necessário passaporte, que não tínhamos levado.
Pelo grande desejo de fazer esta excursão, decididos correr o risco de a comprar e entrar sem o passaporte, acabando por tudo correr bem, pois nem sequer fomos confrontados pela exigência de qualquer documento.
E valeu a pena correr o risco.

Saindo do navio, fomos de lancha até ao porto da cidade, onde um autocarro nos levou em visita panorâmica até à ponte nova sobre o rio Dubrovnik, onde pudemos admirar a península de Lapad, porto de Gruz e o arquipélago Elafiti.
Seguindo para o alto pela estrada da costa, foi feita uma segunda paragem para admirarmos a cidade e as suas admiráveis muralhas medievais.

Uma nota que devo deixar, é que na década de 90, durante a guerra civil que ocorreu entre alguns dos estados da antiga Yugoslávia, parte da cidade foi destruída, mas agora quase não se notavam os vestígios dessa destruição.
O autocarro havia de nos deixar junto à Porta de Pile, sobre a qual existe uma estátua de São Blas, patrono da cidade.

A pé começámos então a visita ao coração da sua parte velha, através do ”Stradum” , que é a larga rua principal, com majestosos e antigos edifícios, agora com numerosos locais de produtos típicos e artesanato.

Tivemos oportunidade para visitar a Catedral barroca, construída sobre uma antiga igreja românica, que foi o edifício mais importante antes da destruição da cidade pelo grande terramoto de 1667.
Ainda visitámos o Palácio do Reitor, de arquitectura Dálmata e lugar de residência dos primeiros Reitores da República de Dubrovnik, assim como o Mosteiro Dominico com a sua igreja do sec. XIV e o seu precioso recheio.
Mas toda a cidade é um verdadeiro tesouro em monumentos, que só foi possível apreciar bastante a correr e guardá-los no arquivo fotográfico, para mais tarde recordar, e constatar também que existe uma animação cultural permanente por toda a cidade e locais de convívio, esplanadas, estabelecimentos típicos de restauração e venda de artesanato, aproveitando o fluxo turístico de que beneficia.
Também a música tem a sua presença constante, com grupos cantando na rua, e tal como faço em todos os contactos com outras culturas, procuro adquirir os registos da sua música, que tornam as recordações muito mais vivas e agradáveis.

Veneza
E para um final feliz deste cruzeiro, não podia haver melhor sítio que a romântica Veneza, onde chegámos domingo e permanecemos até ao dia seguinte.
Após a nossa chegada, fomos de excursão em lanchas privadas até à ilha de Murano, passando pelo Canal de Giudeca e zona de São Marcos, para visitar uma fábrica dos famosos cristais de Murano e observar como os seus mestres criadores produzem as mais incríveis peças deste produto de fama mundial.

No regresso até à zona de São Marcos, passámos ao largo da ilha de Santa Helena e por outra que apenas tem servido de cemitério aos venezianos.

E chega o momento do ansiado passeio de gôndola pelos canais da cidade, com passagem por alguns pontos emblemáticos, após o que dispusemos de tempo para visitar outros locais também tão famosos como a Ponte dos Suspiros, até que nos dirigimos para a zona da praça de São Marcos, para uma visita mais pormenorizada.

E ao final da tarde foi o regresso ao paquete do cruzeiro, onde ainda pernoitámos, para sair no dia seguinte.

A penúltima noite
Os acontecimentos da penúltima noite a bordo são de animação caseira e de agradecimento dos organizadores aos participantes, ou seja, o espectáculo é feito com os próprios funcionários e com os participantes, que também animam a festa, principalmente ao jantar, criando-se então uma grande empatia entre todos.
Na sala de espectáculos repete-se a animação e acontecem verdadeiras surpresas, com grandes revelações dos artistas que se apresentam em palco, sejam funcionários, sejam participantes do cruzeiro.

A última noite essa é de arrumar contas, se as houver pendentes, e de preparar as malas que hão-de ser deixadas à porta da cabine para serem levadas até ao transporte para o aeroporto e daí fazermos a viagem de regresso a Madrid.

Os companheiros de viagem

A "burrinha" que chegou toda "rôta", mas trouxe-nos a casa

E para que se tenha uma ideia das pessoas que participaram neste cruzeiro, assim como daquelas que o organizam, aqui ficam alguns números publicados no jornal diário que se publica a bordo, com uma edição em português:

Comandante - Ilias Venetantis (Grego)

Empresa organizadora - Pullmantur (Espanha)

1.344 passageiros, para os quais cozinharam 70 cozinheiros

630 tripulantes, de 31 países (7 de Portugal, todos em lugares de chefia)

1.334 milhas náuticas (2.470 km) percorridas de Atenas a Veneza