sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Holanda - visita a um moinho tradicional

Viajando no tempo


Em 1995 acompanhei o Rancho Folclórico Cova da Beira ao festival de folclore de Warffum, no norte da Holanda. O relato dessa viagem já o fiz aqui - clic para ver.
Ficámos alojados em casas de famílias numa pequena povoação chamada Middelstum e nessa altura proporcionaram-nos diversas visitas, uma das quais a um dos seus tradicionais moinhos de vento. Mas por ser uma visita em grupo, ficou pela superficialidade a explicação quanto ao funcionamento da sua engrenagem interior.
Visitaria de novo a Holanda em 1997, a convite do casal Coba e Gerard, que me alojou na primeira vez, quando então festejaram as suas bodas de prata. Também esse relato já aqui foi feito - clic para ver.
E foi nessa altura que nos proporcionaram a visita a um outro moinho de vento e desta vez exclusivamente para nós. O casal Dick e Marta, responsável pelo moinho, fez questão de nos explicar e mostrar tudo ao pormenor, não desperdiçando eu, então, a oportunidade para recolher as imagens da engrenagem interna, a fazer lembrar o mecanismo de um relógio gigante, que aqui posso exibir.

Estes moinhos, para além da sua utilidade prática, são uma atracção turística que a Holanda não desperdiça, havendo empresas especializadas na sua manutenção.
Mas a grande curiosidade é que alguns estrangeiros investem na sua compra e preservação, como no caso deste, em que o proprietário era alemão.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O "Dr.César Botelho"

VIAJANDO NO TEMPO

Faço vénia e agradeço ao director do Jornal do Fundão, pelo que li na revista que acompanhou o semanário de 13/08/2009, e que me permito transcrever:

"Não se lembram do dr.César Botelho na sua oficina de latoaria, que o Timã, como quem desenha um cartão de visita, sugeriu que deveria ter na parede como chamariz publicitário:
O dr.César ! Baixinho e gordo, cara redonda e farta bigodaça, eximio tocador de trombone, músico da Banda (quando havia Banda e ele não se zangava), benfiquista frenético, o dr.César Botelho, quando o seu clube ganhava, retirava o instrumento do recato do lar e saía à rua, de cachecol vermelho ao pescoço, espalhar o som pelos lugares anunciando a boa nova. Nesta peregrinação, dava-lhe a sede e ele matava-a bem, olá se matava, em tascas onde o convidavam para rodadas de copos de três ou penaltis que se bebiam de um trago. E com combustivel assim renovado, lá ia ele, abraçado ao pesado instrumento, pom-pom.
Este dr.César Botelho ia às vezes, por desfastio, ao Aliança. Mas dizia que acampava lá um colega, um médico com o mesmo patronímico, um sovina de primeira categoria, e ele não queria confusões. Deus o livrasse disso. E contava que já, por mais de uma vez, à boa paz do café, o tinham chamado de urgência ao telefone e ele na boa fé lá ia. Depois do outro lado do fio perguntavam:
- Está é o dr.César ?
- ...
- Estou eu práli a gastar o meu latim, à espera de ir socorrer alguma artéria de canalização entupida, e afinal é um rendeiro que quer pagar a renda ao outro ... ou alguém a pedir um atestado médico, que é a sua grande especialidade clínica.
O Timã chama-o para a mesa.
Como é que vai o campeão da lata ?
- Eu bato muita na minha oficina e às vezes ela já me tem faltado. É que há cada vez mais praí gajos cá com uma latosa ! Gastam-na toda ...
O Timã toca-lhe na música, que é o ponto sensível do dr.César Botelho.
Então, diga lá, quando é que põe a boca no trombone e dá umas gaitadas para pôr esta marmelada toda a tremer ?
- Ora, isto agora está uma merdice, tão reles, que o trombone já não acorda ninguém, estão todos podres de sono - responde ele na galhofa. - Era preciso uma Banda inteira, mas com um grande naipe de bombos, como os de Lavacolhos, para os acordar ! E, se calhar, nem assim abriam o olho."
---oOo---
Já lá vão 45 anos, tinha eu uns envergonhaditos 20 anos, queria estar perto da minha amada e acompanhá-la a ver televisão, que na altura só se ia vendo nalguns cafés, como o "Misérias" ou o Aliança. Ela já me tinha aceite namoro, havia cerca de dois anos, e à sucapa lá nos íamos encontrando.
Mas para me aproximar dela à vista dos pais e poder acompanhá-la ao café, tinha de pedir autorização ao pai.
E as circunstâncias forçaram-me a esse gesto de coragem.
Sabe Deus então com que nervoseira, lá me aproximei do "dr. César Botelho" e pedi a necessária autorização para namorar com a filha. Que tempos ...!!!
Foi a primeira vez que falei com ele, mas fui bem sucedido, vindo a tornar-me seu genro.
Acompanhei por isso uma boa parte da sua vida e fui testemunha de um manancial de estórias, que não seriam possíveis em qualquer outro. Só do "dr.César Botelho"... !
Mas a par da música e do seu amor clubista pelo Benfica, que levou a que se dissesse que "ele gostava mais do Benfica do que da família", tinha uma outra grande paixão - era um bombeiro totalmente dedicado à causa e a sirene fazía-o saltar como uma mola, correndo para o quartel enquanto se equipava com o fardamento que estava sempre atrás da porta, pronto a ser vestido.
E não resisto a deixar aqui a referência a uma dessas estórias:- em dia de Procissão do Senhor dos Passos, levava no ouvido o auricular do rádio para ouvir o relato do seu Benfica. A certa altura o glorioso marca um golo e o "dr.César", de lanterna nas mãos, não se contém na exteriorização da sua alegria.
E de tal maneira o fez que quase mandava abaixo o andor do São João.
Vídeo com imagens de arruada e de pic-nic no 2º. "1 º.de Maio" em liberdade

O texto da revista, que tanto nos tocou, fez-nos recuar no tempo, ainda que nos pareça não ter passado nenhum tempo desde a sua partida, e já lá vão sete anos.
Obrigado, Fernando Paulouro.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Raúl - Quem o não conhecia ?!

Viajando no tempo
À volta do Raul, Mané, David, Miguel, Ana Rita, Carla e Vera
Passaram mais de 28 anos, era dia de anos da Vera, o dia 21 de Julho.
Houve uma festinha, vieram os amigos e o Raúl passou lá pelo Parque das Tílias, diante do qual morávamos. O parque que, na sua forma de então, nos deixa tanta saudade !!!
O Raul acabou por participar na festinha e também ficou na fotografia que registou um dos momentos daquele dia.
Todos o conhecíamos no Fundão. E quero recordar aqui o Raul, não pela diferença que lhe conferiam as suas limitações ao nível do raciocínio, mas porque era uma figura simpática para todos e, essencialmente por esta razão, era um ser de coração puro e bom.
E tanto assim era, que as crianças facilmente com ele conviviam.
Tinha expressões próprias que marcaram a sua passagem pela vida, como a de chamar "farata" a quantos se cruzavam com ele. Mas se também lho chamavam, a sua resposta era pronta: "farata tu..."!
Recordá-lo aqui, é uma pequena homenagem que lhe presto.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fundão - onde já houve bandas musicais

Viajando no tempo

Recuar no tempo, até quando existiram duas bandas musicais no Fundão, não é possível para mim. Só me recordo da existência de uma. Mas nem essa já existe, desapareceu há muito.
Encontrar uma resposta para as causas do desaparecimento da última banda musical no Fundão, significa encontrar também uma resposta para as razões do desaparecimento do fulgor associativo que a Associação Desportiva do Fundão já teve. E hoje não tem.
Fiz parte dos corpos directivos desta colectividade no tempo em que a vida associativa era intensa, em que o espírito de entrega dos associados era total para qualquer actividade, fosse desportiva, cultural ou de lazer.
Era fácil, então, mobilizar os associados para a organização de todo o tipo de eventos e a história recorda-nos como aconteceram coisas tão interessantes como a volta à Cova da Beira em bicicleta, torneios de natação, basquetebol, hóquei em patins, a feira popular no reduto da associação, etc.,etc..
Havia também a banda musical, que tinha a sua própria escola de preparação dos músicos, e que desenvolveu uma grande actividade.
Desvaneceu-se, sem a dignidade de que era merecedora. Mas isso já lá vai.
E foi durante a sua existência que se realizou um festival de bandas, do qual recolhi algumas imagens.
Aqui ficam para a posteridade. É bom recordá-las.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mennonitas - Amish Country (Canadá)

Na viagem que fiz a Toronto - Canadá, em 2008, tive a oportunidade de visitar uma comunidade de mennonitas, um ramo do movimento religioso dos anabatistas, em St. Jacobs.
Tal como os Amish, são descendentes dos grupos suíços de anabatistas, chamado de Reforma Radical, cujo nome veio de Menno Simons, um padre católico que se converteu ao anabatismo.
São conhecidos pelos seus costumes conservadores, com uso restrito de equipamentos electrónicos, incluindo telefones e automóveis.
Preferem viver afastados da sociedade, não prestando serviço militar, chegando a não pagar segurança social e não aceitar qualquer assistência do governo.
Evitam ser fotografados e quando se apercebem que alguém se prepara para o fazer, como foi o meu caso, baixam a cabeça ou viram as costas. Só à distância me foi possível obter imagens de uma família em descontraída atitude.

No espaço que visitámos são comercializados todos os produtos das suas culturas, assim como é feito o mercado do gado, com os eventuais compradores a ensaiar as montadas, correndo com os cavalos numa espécie de hipódromo ali instalado.
Mas a área rural onde se desenvolve o comércio dos mennonitas foi inteligentemente aproveitado para outro tipo de comércio, pois sendo eles a atracção, à sua volta existem restaurantes, estabelecimentos requintados com marcas de grande prestígio, um sem número de atracções de feira, outlets, etc..

O relato dessa viagem pode ser visto em: