quarta-feira, 2 de julho de 2014

Encantos da Croácia, Montenegro, Bósnia Herzegovina e Eslovénia

O meu sonho de viajar mantém-se.
E a sua concretização teve este ano uma nova e fantástica etapa, que contemplou os países balcânicos de Croácia, Montenegro, Bósnia Herzegovina e Eslovénia, visitando Dubrovnik, Kotor, Mostar, Trogir, Split, Parque natural de Plitvice Jezera, Ljubljana, Bled e Zagreb.
Decorreu entre 15 e 22 de Junho de 2014.
Já havia visitado Dubrovnik em 2002, um ano antes de ser acometido de AVC, que julguei ir pôr fim à realização desse sonho. Mas não, felizmente.
E logo que tive condições de saúde, retomei o caminho para alcançar esse objectivo.
Já o deixei escrito noutras circunstâncias: nós somos aquilo que decidimos. Bem ou mal. A tempo, fora de tempo, ou no momento certo. As decisões implicam opções, as opções definem um rumo.
E a vida aproveita-se, quando se opta e se decide.
Até agora fui bem sucedido nas decisões que tomei, porque havia sempre uma motivação.
E conhecer novas gentes, novas culturas, novas realidades e novos horizontes, é sempre uma forte motivação para mim.
Ora, no programa da Nortravel 2014, cuja data de realização me era totalmente favorável, face aos meus compromissos profissionais, encontrei os motivos para subscrever este circuito, sendo a quinta vez que subscrevo os circuitos deste operador turístico.
Calculava que o tema dos conflitos nos Balcãs seria abordado, face ao terreno que seria percorrido, e tendo lido bastante sobre ele, ansiava conhecer pontos de vista diferentes, se bem que falar de guerra seja sempre muito penoso, face aos dramas que outros viveram por causa dela.
Mas o programa também nos dava a saber que as belezas naturais, o património, principalmente o classificado como património mundial pela UNESCO, a gastronomia, as tradições e a história que os envolve, nos seriam dados a conhecer.
Por tudo isso, a minha expectativa em relação ao programa, era muito grande.
E posso dizer que essa expectativa não saiu gorada.
1º.dia - Lisboa / Zagreb / Dubrovnik.
Foi um dia quase todo consumido nas viagens aéreas e instalação no hotel em Dubrovnik, mas não havia mesmo outra alternativa, excepto um pequeno passeio no final do dia, que alguns empreenderam até à beira-mar para desentorpecer as pernas, como foi o meu caso.
2º.dia - Dubrovnik / Montenegro / Dubrovnik
Como referi atrás, já havia visitado Dubrovnik em 2002. Mas uma cidade com as suas características históricas e monumentais, é sempre um encantamento ser revisitada, vindo a acrescer o facto de termos como guia local a Ana, uma figura que nos deu a conhecer a sua terrível experiência da guerra, em seis meses que se viu cercada dentro da cidade e onde não havia comida, água, agasalhos, higiene e os bombardeamentos eram constantes. Porém, foi impressionante constatar que não havia ódio contra os atacantes, as tropas sérvias do Montenegro, que fizeram parte da antiga Yugoslávia, a que todos pertenceram. Se esse ódio existia ou existiu, soube disfarça-lo perante o grupo, mostrando-se até como uma pessoa bem humorada e sem manifestar queixas da vida, apesar de a guerra lhe ter feito perder tudo.
Pelas imagens, que aqui deixo, os que a não conhecem podem formar uma ideia de como é a cidade.
Partimos depois em direcção ao Montenegro, mas de caminho e em restaurante situado na região de Konavle, foi-nos servido um almoço da gastronomia local, que até contemplou vinho e outras iguarias que eram produzidas na região. Muito bom.
E antes de entrar no Montenegro, tivemos de nos submeter às formalidades de fronteira, a que já não estamos habituados na Europa.
Chegámos à cidade medieval de Kotor, classificada de património mundial pela UNESCO, usando a via junto às montanhas encostadas ao mar, cuja configuração geológica se assemelha a um fiorde, sendo estas características únicas no sul da Europa.
A chuva não foi simpática connosco em Kotor, mas ainda assim permitiu uma visita ao centro histórico, uma espreitadela à catedral de São Trifão, Igrejas de S. Lucas e Santa Ana, e ainda apreciar a fortaleza guardiã da cidade, que se estende sobre o monte rochoso de São João (Sveti Ivan). Com pena nossa, muito mais ficou por ver.
Mas embora abreviada, valeu a pena a visita a Kotor.
3º.dia - Dubrovnik / Cruzeiro / Dubrovnik
Este dia ficou marcado pelas ameaças de borrasca do dia anterior, que se concretizaram durante a noite com chuva e um pequeno ciclone, obrigando à alteração do programa, que nos levaria em cruzeiro ao arquipélago das Elaphiti, com almoço a bordo.
Em seu lugar fizemos a visita à pequena ilha de Lokrum, situada a cerca de 700 m do litoral dalmático, frente a Dubrovnik, cidade onde aconteceu o almoço em restaurante local.
E é a lenda, mais que a história, que dá uma importância muito específica a esta pequena ilha, quando refere ter-se encalhado aqui o barco de Ricardo Coração de Leão, no regresso da III Cruzada, em 1192.
A presença dos beneditinos é confirmada pelas ruinas do mosteiro, que o terão deixado em 1798, já sob ocupação napoleónica.
Na época de domínio do império austro-hungaro, no séc.XIX, a ilha foi propriedade do arquiduque Maximiliano Ferdinand de Habsbourg e de sua esposa, que mandou construir uma residência de verão no lugar do antigo mosteiro, do mesmo modo que ali mandou criar um jardim botânico com espécies exóticas importadas da América do Sul e da Austrália.
Mas é em 1959 que toma forma o actual jardim botânico, encontrando-se a ilha classificada como reserva natural desde 1964.
Para a noite deste dia foi proposto, e aceite praticamente por todos os elementos do grupo, um espectáculo do folclore local, muito agradável, do qual se pode fazer uma ideia através do vídeo aqui inserido. Para o ver, basta pressionar no CLIC.
4º.dia - Bósnia Herzegovina
Saída do hotel em direcção a norte, sempre junto ao Adriático, passando pelo fértil vale do rio Neretva, onde é possível ver figueiras, oliveiras, vinhas e campos onde quase tudo se produz.
A passagem da fronteira para a Bósnia Herzegovina constituiu mais um obstáculo, que só foi possível ultrapassar depois de algum tempo, cumpridas que foram as formalidades legais.
E foi em Mostar, a cidade mártir da guerra dos Balcãs, que nos apercebemos verdadeiramente dos sinais da guerra, com edifícios ainda destruídos ou cravados de balas, embora o seu centro histórico tenha sido recuperado com muito rigor pela UNESCO.
Interessante foi a visita à mesquita Mehmed Pacha e à casa Bišćevića, uma residência turca tradicional.
Mas como momento histórico para mim, foi o do registo de imagem com a famosa ponte de Mostar em fundo.
Aqui foi o nosso almoço, com os minaretes das mesquitas no horizente, a lembrar a presença do Império Otomano.
Partimos depois para Trogir, Património da Humanidade, onde houve oportunidade para um périplo pelas suas estreitas ruas, testemunhando a presença de outros povos e civilizações, que aqui deixaram a sua indelével marca.
E ao final do dia, num restaurante local  foi-nos servido o jantar, com ementa integrando um "arroz malandrinho" de camarão pequeno e robalo grelhado, bem ao gosto de todos.
5º.dia - Split
Foi com guia local que se fez a visita ao centro histórico integrado no Palácio de Diocleciano, do séc. III, permitindo conhecer uma verdadeira preciosidade, também declarada Património da Humanidade pela UNESCO.
E a oportunidade de escutar o grupo "Vestibul" surge quando ainda se fazia a visita ao palácio, que ali interpretou uma peça da música "klapa", um canto tradicional croata, já declarado Património Imaterial da UNESCO.
É um cântico religioso original da região da Dalmácia, interpretado à capela, normalmente por grupos de homens, embora nos últimos anos tenham surgido também grupos femininos ou mistos.
O registo vídeo desse momento, aqui fica, através de um simples CLIC.
Mas houve outro momento, que também registei em vídeo, que vale a pena divulgar aqui, também através de um CLIC.
Foi quando, numa bem humorada recreação, o imperador Diocleciano veio até è varanda do Peristilo, acompanhado da sua alvíssima esposa, para ser "venerado pelo seu povo" e este lhe tributar os avé-avé-avé, que inicialmente não foram muito convincentes aos olhos do imperador, mas que logo se tornaram mais efusivos, face à sua sua exigente atitude.
Um agradável momento de boa disposição, que os turistas muito apreciaram.
6º.dia - Parque Natural Plitvice Jezera / Ljubljana
Ansiava chegar a Plitvice Jezera, pelas imagens que tivera oportunidade de ver sobre este parque natural, também declarado património mundial pela UNESCO.
Mas a surpresa começa logo após a instalação no hotel, quando depois do jantar do dia anterior fomos passear por entre o arvoredo onde ele se integra.
O espectáculo maravilhoso de imensos pirilampos a esvoaçar na noite, deixa-nos boquiabertos pela sua beleza e porque em Portugal raros serão os sítios em que tal acontece. Se é que ainda existem. Porque, coisa assim, apenas a recordo de criança na quinta em que nasci.
Os pesticidas, herbicidas, inseticidas e produtos afins, usados até à exaustão, foram-nos privando dessa dádiva da natureza.
Mas se o anoitecer anterior foi surpreendente pela visão maravilhosa dos pirilampos, este dia permitiu-nos circular pelos trilhos expressamente concebidos, apreciando este verdadeiro paraíso, num dia que é para mim como uma verdadeira benção, apreciando a natureza em todo o seu esplendor.
Como defensor da natureza, ficou-me cheio o coração, o que me leva a bendizer a oportunidade desta visita.
Fica o desejo de que a preocupação dos responsáveis em preservar espaços destes, nunca esmoreça, a bem da humanidade.
Já a caminho de Ljubljana foi-nos servido o almoço, que teve semelhanças com o leitão da Bairrada, mas sem aquele tempêro que lhe é próprio, mas que podia chamar-se porco no espeto, acompanhado de outras carnes. Muito bom.
Acompanhados da chuva à chegada a Ljubljana, ainda fizemos a panorâmica a pé, com guia local, pelo centro histórico, sabressaindo a visita à Catedral de S. Nicolau, com as suas famosas portas em bronze e das quais sobressaem imagens em relevo.
Por breves momentos foi possível ouvir o ensaio de um coro junto ao seu monumental órgão de tubos, com uma música que nos convidava a ficar, para escutá-la por mais tempo. Mas tivemos de continuar.
Ao serão ainda pudemos conhecer um pouco mais da cidade, onde a animação feita por jovens em início de férias escolares, se espalhava por todo o lado.
7º.dia - Ljubljana / Bled / Zagreb
Mas foi para mim outra agradável surpresa conhecer a Eslovénia, que desde 2004 faz parte da UE e é independente desde 1991.
Ao longo da sua história foi fazendo parte de impérios, monarquia, reino, repúblicas, até que, finalmente, conquistou a sua independência.
E ser o 3º. país europeu mais florestado, diz bem das suas características.
Antes de deixarmos a capital Ljubljana, ainda foi possível uma visita ao bem abastecido mercado local e constatar a organização e limpeza  da cidade, com evidentes sinais de preocupação ambiental. Partimos depois ao encontro de Bled, o principal destino turístico da Eslovénia, conhecido sobretudo pela beleza do Lago Bled, onde não são permitidos barcos com motores de combustão, no centro do qual se encontra a única ilha natural e na sua margem o mais alto castelo do país.
E no restaurante do castelo nos foi servido o almoço, de qualidade bem ao nível do local em que este teve lugar.
Rumando a Zagreb, a visita panorâmica com guia local, levou-nos a percorrer a "ferradura verde" com edifícios de grande riqueza arquitectónica, seguindo depois para a parte alta da cidade, com a catedral de Santo Estêvão no horizente, começando por visitar o cemitério de Mirogoj, considerado um dos mais belos da europa, cujo projecto do edifício principal é da autoria do arquitecto Hermann Bollé.
Apesar de alguém ter considerado de tétrica a iniciativa, achei que a visita valeu a pena, até porque nos proporcionou a observação de verdadeiras obras de arte. Agora se toda aquela grandiosidade pode ser considerada um absurdo face aos ditames da morte, que a todos reduz à insignificância do pó, já é outra questão.
A construção das arcadas, das cúpulas e da igreja na entrada foi iniciada em 1879 e os trabalhos só foram concluídos em 1929. É hoje uma das grandes atracções turísticas de Zagreb.
De entre os muitos notáveis ali sepultados, encontra-se o 1º. presidente da república, Franjo Tudman.
Prosseguimos depois a visita, despertando-nos a atenção os noivos junto à Igreja de São Marcos, onde diversos figurantes representativos de personagens da história, das tradições, das artes e das letras, vestidos a rigor, também iam deabulando, aceitando as solicitações para ficar connosco nas fotos.
Descemos depois até à parte baixa da cidade, tendo passado por outros edifícios monumentais, bem como pelo Portão de Pedra, um local de devoção religiosa.
Ainda no resto de tarde, como à noite, foi possível constatar a muita animação, com diversos concertos nalgumas ruas da cidade.
8º.dia - Zagreb / Lisboa
E como tudo o que é bom também acaba, lá nos despedimos desta cidade, para rumar a nossas casas.
Sendo esta a quinta viagem que fiz pelos circuitos Nortravel, foram outros tantos os guias que tive oportunidade de conhecer.
Todos profissionais competentes, deles dependendo muito do êxito que as tem caracterizado.
Nas anteriores, a empatia com o grupo terá sido mais fácil e rápida, mas o Ângelo Grilo merece o nosso aplauso.
Aliás, ele e todos os guias têm perfeita noção de que, ao lidar com um leque tão alargado de pessoas, não há lugar a sobrancerias e só a simplicidade, mas determinada, na abordagem e resolução de eventuais questões, permitem o êxito.
Um aplauso merece também o motorista Mario Perić, pela segurança com que nos conduziu ao longo de uma semana.
Finalmente, uma saudação ao grupo, que foi exemplar na pontualidade e, para recordá-lo, aqui fica a foto de família.